Não é crônica, é sonho.. Tinhamos um combinado, quase que um contrato. Nos víamos uma vez por semana, sempre em um mesmo horário. Não precisavamos nos ligar, remanejar horário, ou, as vezes, inventar alguma desculpa. Simplesmente íamos, os dois, todas as segundas-feiras em um mesmo local. O que fazíamos? Conversávamos, em meio as conversas, lembro-me de me perder nos assuntos, simplesmente, olhando seus detalhes. Olhava para o contorno de sua boca, , para os seus olhos, cabelo, jeito de falar. Tinha um desejo delicado de chegar bem pertinho, e só sentir o cheiro da sua pele. Enquanto olhava, eu pensava que você era como uma pintura íntima, que eu mesma criei, e da qual eu conhecia todos os detalhes, desde os dedos do pé, passando por suas pernas tortinhas, chegando às suas mãos. Aquela foi a forma encontrada para não nos perdermos em meio ao tempo, e, de fato, não nos perdíamos, pois, ao longo do sonho, sinto que o tempo passava rápido, e que o dia esperado chegava mais perto a cada semana. Cada semana eu estava mais feliz, por saber que faltava sempre menos. O nosso brilho no olhar cada vez em que nos víamos nunca deixou de existir, era sempre a mesma sensação, borboletas na barriga..
Acordei, queria ter dormido muito mais, mas, obviamente, o final daquela história eu não iria saber. Acho que é até melhor. Escrevendo isso agora, não me lembro se sonhei ou se ainda estava acordada, perdida no mundo dos meus pensamentos, que, em especial, essa noite me renderam uma hora rolando na minha cama. Abracei a Charlote.
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