Epifanisses

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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Descomplique, classifique


Os que me conhecem, sabem: tenho pavor de tudo aquilo que escapa do meu conjunto nada modesto de explicações.  E quando isso acontece, sempre tento encontrar uma nova interpretação. Me desequilibra não ter a mínima noção de onde eu estou pisando. Estar fora do controle me tira do eixo. E foi na tentativa de diminuir esse descontrole irritante (porém totalmente comum em nossas vidas já que lidamos com seres humanos) que comecei a classificar os relacionamentos atuais, ou melhor, a pessoas com as quais nos relacionamos em três tipos. Ouso dizer que isso não tem falhado nos últimos tempos, e quando falo de falha me refiro à  sofrimento desnecessário e desgaste de energia. Crescer é isso, é saber que o nosso tempo e energia são valiosos demais para empenharmos em situações (e pessoas) dispensáveis. Quando a gente coloca a racionalidade em primeiro plano fica mais fácil não se deixar levar. Nesse meu momento-raro-racional, classifiquei as pessoas em três tipos: as que gostamos, as que não gostamos e as que só não gostamos porque não podemos gostar.
O primeiro tipo deveria ser o mais fácil de se falar sobre, mas devo confessar que demorei horas pra escrever essa definição. Acho que o motivo é simples: foi o menos presente na minha vida até hoje. Esse tipo está relacionado às pessoas que nos trazem a sensação de pisar em nuvens, as que pensamos quando ouvimos determinadas músicas, as que por mais cansados que possamos estar, pensamos ao irmos dormir.
O segundo refere-se as pessoas que não gostamos. Aquelas que não tem jeito, por mais que tentemos sentir alguma coisa (porque, em grande parte das vezes, essas pessoas são até muito legais) não conseguimos. Elas não possuem aquele poder mágico de nos fazer sentir borboletas na barriga e taquicardia. Ao meu ver, esse tipo pode ser muito mais perigoso do que o primeiro. Temos que ter cuidado redobrado para não as machucar, principalmente se essas pessoas nos consideram a primeira categoria que coloquei.
Por fim, a última classe de pessoas: as que não gostamos única e exclusivamente porque não podemos gostar. E esse tipo 3 só vai me entender quem já viveu um tipo 1 que te considerava um tipo 2. Ou seja, só quem por muitas vezes já gostou de alguém e não foi correspondido tem maturidade pra entender esse tipo tão delicado que se refere às pessoas que se nos dessem motivos, chances e demonstrações seriamos completamente apaixonados. Aquela pessoa que pensamos antes de dormir: “Eu poderia ser louco por ela” – mas como ela não se mostra tão louca assim por nós, acabamos deixando por isso mesmo.
Talvez essa minha taxonomia pessoal e particular gere algumas discordâncias mas minha palavra de ordem é: descomplique. Gosta de quem gosta de você? Bênção. Gosta de quem não gosta de você? Perda de tempo. Não gosta de quem gosta de você? Cautela. Não gosta mas poderia gostar muito se houvesse reciprocidade? Incógnita!
(Quando alguém esclarecer essa questão, não deixe de me enviar a resposta ou sugestão de como proceder.)

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