Epifanisses

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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Sobre indícios e frustrações


        Às vezes, a gente pergunta pra nós mesmos quais são os indícios de que um relacionamento está prosperando. E quando falo em prosperar significa se intensificar, portanto, nem estagnar e nem regredir. Aquela certeza de que as coisas só vem melhorando e crescendo com o passar do tempo e do envolvimento. Nos últimos tempos, tenho perguntado isso a mim mesma constantemente e como é quase  impossível determinar as características de que a coisa esteja dando certo, resolvi me ater aos sinais que indicam que talvez a evolução da maneira que estamos querendo não exista (pelo menos, não a curto prazo). Quem gosta sente pressa.
            Um deles é aquele típico pensamento “a pessoa quando está comigo é uma coisa mas quando está longe é totalmente diferente”. Quando está ao nosso lado, está no céu, mas quando não está ficamos com a sensação de que ela está em (outra) órbita. Isso é possível ou deveríamos encarar como distúrbio de personalidade? Essa é uma daquelas perguntas que felizmente eu encontrei a resposta: é muito possível. E arrisco: ela não é outra, é exatamente a mesma pessoa. O fato é que ela pode estar muito bem ao seu lado, mas estar bem da mesma forma quando não está com você. Nesse caso, estar bem seria se sentir  completo. Freud explica: para haver desenvolvimento é preciso ter falta. Então, provavelmente uma pessoa que passa um final de semana inteiro ao teu lado e no domingo à noite e manda uma mensagem de “boa semana” está bem com você mas está bem também sem você , logo, não sente tanto a sua falta assim. Essa é a hora que a gente tem que ser maduro o suficiente pra entender  que o “boa semana” que levamos não é o “até amanhã” que gostaríamos que fosse.
            O outro sinal é o excesso de explicação para coisas que não são passíveis dela. Coisas que não precisam ser ditas, explicadas e conversadas porque a gente simplesmente sente. E ao pararmos para tentar explicar não tem o mesmo efeito. O sentimento e a importância que alguém nos dá se comprova única e exclusivamente nas atitudes deste para conosco e toda tentativa de conversa sobre o assunto torna-se frustrante porque ao final dela, ficamos com aquela sensação de que ouvimos o que gostaríamos de ouvir, mas não escutamos. Escutar vem da alma. 
A incoerência está nessa busca frustrante de muitas razões. Ao pararmos pra procurar motivos para provar que algo esteja dando certo da maneira que idealizamos já é uma grande prova de que não está. Quando um relacionamento está dando muito certo, a última coisa que temos é tempo pra pensar nos porquês disso. No fundo, sabemos muito bem que o tempo pára quando isso acontece.

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