Os que me conhecem, sabem:
tenho pavor de tudo aquilo que escapa do meu conjunto nada modesto de
explicações. E quando isso acontece,
sempre tento encontrar uma nova interpretação. Me desequilibra não ter a mínima
noção de onde eu estou pisando. Estar fora do controle me tira do eixo. E foi
na tentativa de diminuir esse descontrole irritante (porém totalmente comum em
nossas vidas já que lidamos com seres humanos) que comecei a classificar os
relacionamentos atuais, ou melhor, a pessoas com as quais nos relacionamos em
três tipos. Ouso dizer que isso não tem falhado nos últimos tempos, e quando
falo de falha me refiro à sofrimento
desnecessário e desgaste de energia. Crescer é isso, é saber que o nosso tempo
e energia são valiosos demais para empenharmos em situações (e pessoas) dispensáveis.
Quando a gente coloca a racionalidade em primeiro plano fica mais fácil não se
deixar levar. Nesse meu momento-raro-racional, classifiquei as pessoas em três
tipos: as que gostamos, as que não gostamos e as que só não gostamos porque não
podemos gostar.
O primeiro tipo deveria
ser o mais fácil de se falar sobre, mas devo confessar que demorei horas pra
escrever essa definição. Acho que o motivo é simples: foi o menos presente
na minha vida até hoje. Esse tipo está relacionado às pessoas que nos trazem a
sensação de pisar em nuvens, as que pensamos quando ouvimos determinadas músicas, as que por mais cansados que possamos estar, pensamos ao irmos dormir.
O segundo refere-se as
pessoas que não gostamos. Aquelas que não tem jeito, por mais que tentemos
sentir alguma coisa (porque, em grande parte das vezes, essas pessoas são até
muito legais) não conseguimos. Elas não possuem aquele poder mágico de nos
fazer sentir borboletas na barriga e taquicardia. Ao meu ver, esse tipo pode
ser muito mais perigoso do que o primeiro. Temos que ter cuidado redobrado para
não as machucar, principalmente se essas pessoas nos consideram a primeira
categoria que coloquei.
Por fim, a última classe
de pessoas: as que não gostamos única e exclusivamente porque não podemos
gostar. E esse tipo 3 só vai me entender quem já viveu um tipo 1 que te
considerava um tipo 2. Ou seja, só quem por muitas vezes já gostou de alguém e
não foi correspondido tem maturidade pra entender esse tipo tão delicado que se
refere às pessoas que se nos dessem motivos, chances e demonstrações seriamos
completamente apaixonados. Aquela pessoa que pensamos antes de dormir: “Eu
poderia ser louco por ela” – mas como ela não se mostra tão louca assim por nós, acabamos deixando por isso mesmo.
Talvez essa minha
taxonomia pessoal e particular gere algumas discordâncias mas minha palavra de
ordem é: descomplique. Gosta de quem gosta de você? Bênção. Gosta de quem não
gosta de você? Perda de tempo. Não gosta de quem gosta de você? Cautela. Não
gosta mas poderia gostar muito se houvesse reciprocidade? Incógnita!
(Quando alguém esclarecer
essa questão, não deixe de me enviar a resposta ou sugestão de como proceder.)