Best-sellers sempre me instigam. Não sou
uma daquelas leitoras restritas à um mesmo tipo de livro. Crítica talvez, mas
aberta à toda nova experiência literária. É o que me ocorre com os tais best-sellers, mais especificamente os
romances épicos. Ouço falar de um livro por algumas amigas, posso até resistir,
o vejo em primeiro lugar na prateleira da livraria, começo a pensar em ler, mas
devo sinceridade: pessoas lendo o mesmo livro no metrô – veredito final.
Vamos ler esse tal “sucesso de vendas que
mais de um bilhão de pessoas leram” afinal leitores devorando uma mesma obra
totalmente concentrados em um trem pequeno e em movimento e o pior, lotado de
gente, penso: alguma coisa interessante este livro deve ter. E foi lendo
títulos como a saga Crepúsculo e 50 Tons de Cinza que comecei a me
perguntar: o que esses livros que atingem pessoas mais distintas entre si tem
de interessante? O que eles tem em comum?
Ambos são o que eu defino como A Bela e a Fera moderno. (Isso mesmo,
aquele clássico Disney em que a Fera, uma criatura amarga e desprovida de
qualquer sentimento se transforma em um príncipe quando se apaixona pela Bela.
Nem preciso dizer que eles vivem felizes para sempre.) A mesma velha história em
uma releitura que cabe como uma luva pra mulher atual. Afinal, em tempos de
(quase) igualdade entre os gêneros, o livro fornece à leitora o que toda mulher
deseja: transformar um cara impossível em namorado, noivo, marido... Afinal,
qual a graça em ter o bonzinho se conquistar o vilão e fazê-lo herói é muito mais
interessante? Esse é o modelo de homem que as mulheres contemporâneas andam
procurando em todo o canto.
Mas será que esse tipo de história está
para além dos livros? É possível modificar totalmente as atitudes de uma pessoa
fazendo ela se apaixonar por você ou isso é apenas ilusão romântica? Será que
as mulheres em geral deveriam buscar um outro tipo de homem?
É no meio de tantos questionamentos que faço
uma confissão: demorei meses para concluir esta crônica e o motivo foi não
conseguir definir qual seria um tipo de homem digno de best seller. Esta ideia veio se alterando conforme o tempo e as vivências,
pessoais ou não, aconteciam e só consegui ter certeza de uma coisa: tentar
modificar alguém além de egocentrismo é pura ingenuidade. As pessoas encontram-se
em níveis diferentes de evolução. Infelizmente, esse é um modelo de
relacionamento que só dá certo em livros e tentar reproduzí-lo na vida real
pode gerar um grande desapontamento.
E qual seria o tipo de homem que deveria
fazer sucesso nos grandes títulos da literatura? Talvez não haja um modelo
perfeito comum. Provavelmente, eu tenha um tipo e você tenha outro ou até mesmo
tipos nem existam, porque na vida real a gente encontra a felicidade no que
está além das categorizações, escondido, e que, de repente, aparece e a gente
simplesmente ama sem precisar mudar nada. Ama do jeito que é.
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