Epifanisses

Epifanisses

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Releitura Perigosa


Best-sellers sempre me instigam. Não sou uma daquelas leitoras restritas à um mesmo tipo de livro. Crítica talvez, mas aberta à toda nova experiência literária. É o que me ocorre com os tais best-sellers, mais especificamente os romances épicos. Ouço falar de um livro por algumas amigas, posso até resistir, o vejo em primeiro lugar na prateleira da livraria, começo a pensar em ler, mas devo sinceridade: pessoas lendo o mesmo livro no metrô – veredito final.
Vamos ler esse tal “sucesso de vendas que mais de um bilhão de pessoas leram” afinal leitores devorando uma mesma obra totalmente concentrados em um trem pequeno e em movimento e o pior, lotado de gente, penso: alguma coisa interessante este livro deve ter. E foi lendo títulos como a saga Crepúsculo e 50 Tons de Cinza que comecei a me perguntar: o que esses livros que atingem pessoas mais distintas entre si tem de interessante? O que eles tem em comum?
Ambos são o que eu defino como A Bela e a Fera moderno. (Isso mesmo, aquele clássico Disney em que a Fera, uma criatura amarga e desprovida de qualquer sentimento se transforma em um príncipe quando se apaixona pela Bela. Nem preciso dizer que eles vivem felizes para sempre.) A mesma velha história em uma releitura que cabe como uma luva pra mulher atual. Afinal, em tempos de (quase) igualdade entre os gêneros, o livro fornece à leitora o que toda mulher deseja: transformar um cara impossível em namorado, noivo, marido... Afinal, qual a graça em ter o bonzinho se conquistar o vilão e fazê-lo herói é muito mais interessante? Esse é o modelo de homem que as mulheres contemporâneas andam procurando em todo o canto.  
Mas será que esse tipo de história está para além dos livros? É possível modificar totalmente as atitudes de uma pessoa fazendo ela se apaixonar por você ou isso é apenas ilusão romântica? Será que as mulheres em geral deveriam buscar um outro tipo de homem?
É no meio de tantos questionamentos que faço uma confissão: demorei meses para concluir esta crônica e o motivo foi não conseguir definir qual seria um tipo de homem digno de best seller. Esta ideia veio se alterando conforme o tempo e as vivências, pessoais ou não, aconteciam e só consegui ter certeza de uma coisa: tentar modificar alguém além de egocentrismo é pura ingenuidade. As pessoas encontram-se em níveis diferentes de evolução. Infelizmente, esse é um modelo de relacionamento que só dá certo em livros e tentar reproduzí-lo na vida real pode gerar um grande desapontamento. 
 E qual seria o tipo de homem que deveria fazer sucesso nos grandes títulos da literatura? Talvez não haja um modelo perfeito comum. Provavelmente, eu tenha um tipo e você tenha outro ou até mesmo tipos nem existam, porque na vida real a gente encontra a felicidade no que está além das categorizações, escondido, e que, de repente, aparece e a gente simplesmente ama sem precisar mudar nada. Ama do jeito que é.

Nenhum comentário:

Postar um comentário