"Se não lhe der sossego: não é amor, é apego." Ouvi isso da minha melhor amiga recentemente e comecei a pensar no quanto as coisas seriam mais fáceis se a gente soubesse diferenciar um sentimento do outro, em como a gente se iludiria menos e talvez sofreria menos se desde o princípio de um relacionamento fosse possível separar amor de apego. Percebi então que só quem amou de verdade pode parar pra fazer essa distinção e quando se começa, as coisas ficam tão (ou não) mais fáceis.
É teoricamente simples. Preto no Branco. Apego é aquilo que vem e não te permite pisar no chão da realidade, apego é aquilo que te dá nó na garganta, é quando você não consegue encontrar motivo nenhum pra estar com alguém que não seja o "eu preciso estar". É o que te faz deitar no travesseiro sem conseguir conjecturar um futuro por simplesmente faltar bons estímulos à imaginação, é o que te leva a tentar arranjar desculpas e histórias que justifiquem todas as frustrações ou lacunas que a outra pessoa te traz. É viver uma montanha russa de emoções baratas ao invés de solidificar um caminho de plenitude. O barato sai caro. Você tenta provar que ama em dobro porque faltam motivos pra você acreditar na reciprocidade desse sentimento.
E amor? Amor é o que se passa quando existe "nós". Infelizmente, o que anda acontecendo é a existência de muitos "eus", "elas", "vocês", "eles", "os", "as" e a carência de "nós". Falar de amor é falar do que dá certo, do que traz equilíbrio, do que se divide e soma, do que se complementa e suplementa. De quando nenhum obstáculo, seja ele geográfico, emocional, físico, pessoal impede duas pessoas de se unirem para serem "nós", para construírem objetivos comuns.
Talvez esse texto fale sobre muitas coisas que passam ao mesmo tempo para mim, talvez nem eu mesma consiga tirar do papel essa diferenciação, mas o que eu tenho como fato é que amor não te traz náuseas, apego sim. Amor traz frio na barriga. Enquanto eu não encontro as respostas pras minhas próprias questões das quais eu discurso tão bem sobre no infinitivo, incógnitas permeiam meu pensamento: será que um dia eu e você seremos "nós" ou eu ando confundindo náuseas com um turbilhão de borboletas?
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