Se tem um jargão que eu estou
acostumada a ouvir de avós, professores e pessoas de gerações um pouco mais
distantes da minha é “vocês jovens não param com ninguém, é um tal de ficar com
um aqui, ficar com outro ali...” e de tanto ouvir esse tipo de comentário
comecei a me questionar: será que falta amor nessa minha geração tribalista “eu
sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”?! E essa foi
uma dúvida que permeou meus pensamentos por bastante tempo, que me vinha à
cabeça em diversas situações e até mesmo me assustava quando via um amigo
terminar o relacionamento com o “amor da vida” e dois meses depois encontrar um
novo romance “eterno de 7 meses”.
Foi quando percebi que não,
não falta amor! Muito pelo contrário, às vezes sobra amor mas falta
experiência. E quando eu digo experiência, não estou me referindo ao
conhecimento sobre determinado assunto, mas sim àquela muito bem colocada por
Walter Benjamin como sendo "aquilo que
nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece,
ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase
nada nos acontece.” E aí entendi o que há com a minha geração: muita coisa nos
passa, pouca coisa nos acontece.
As pessoas não formam laços, pouco se vinculam
para além das redes sociais e acabam por não construir uma experiência
coletiva não por serem piores do que as de antigamente ou desprovidas de amor,
mas sim por falta de tempo e falta de tempo gera intolerância, afinal, se você
não tem tempo a perder por que tentar entender o outro? Por que conviver com o
defeito?
É o tempo que permite construir a experiência,
pois precisamos dele para nos modificar. Ao contrário, seremos espíritos cheios
de vivências mas escassos de experiência. Um bom exemplo de como o tempo afeta
a construção da experiência é quando fazemos uma viagem e ao voltarmos falamos:
“Esse mês fora me fez amadurecer mais do que um ano aqui”. Amadurecer significa
adquirir experiência, o que em uma viagem é totalmente possível por você estar
desligado da vida real, ou seja, com tempo de viver e aberto às transformações.
A vida real não nos dá tempo. Será que seriam necessárias 36 horas por dia para
concretizarmos experiências ou elas às vezes nos passam silenciosamente? Fato
que ela está escassa, mas tenho certeza de que ela ainda não foi extinguida,
caso contrário, estaríamos andando para trás.
Declaro guerra romântica ao vazio.
Por
uma vida que me permita ir a um museu e ter tempo para processar arte, ouvir
uma música e ter tempo para decorar versos, amar e ter tempo para fazer poesia.
Giulia, agradeço imensamente a chance de ler seu texto, e mais ainda, de ter tempo para comentá-lo!
ResponderExcluirParabéns! Por aqui também declarei guerra ao vazio. Ao fast-food, à "visitinha de médico", à correria de um modo geral. E principalmente, ao vazio das companhias que não me agregam em nada.
Vale a pena viver assim. Eu estou mais feliz. E mais ainda depois de ler seu texto.
Beijos pra você e pra minha querida amiga Cláudia!
obrigada pelas palavras, fernando, elas são muito importantes pra mim! grande beijo
Excluirmenina adorei suas reflexões. Orgulho da mammy e do pappy com certeza, cria da convivência com ambos, e claro, com autonomia. bj e sucesso com o blog. fernando fialho
ResponderExcluirobrigada, fernando! a convivência agrega sim! beijos
ExcluirTransformar acontecimemtos em experiencia ,me parece Giulia,ser a fonte inspiradora de sentido para os encontros com gente ou com qq outra coisa. Bj
ResponderExcluircom certeza, denise! beijo grande
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