Eu tenho estado tão metida nos meus livros e textos que acabo não conseguindo organizar meus pensamentos para fazer uma publicação decente. Mas essa semana eu li um conto do Borges, chamado 'O Outro', em que o autor encontra com ele mesmo 50 anos mais jovem e percebe a chave desse encontro: a mudança. Ele não se reconhece frente à ele mesmo bem mais jovem, passa a ser um estranho à ele mesmo. É como dizia Heráclito, um homem não pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando entrar nem o rio e nem o homem serão os mesmos. O tempo não passa, mas nós é que passamos com ele, e esse processo se dá de forma quase que mágica, não percebemos o quanto mudamos. 'A única constante é a mudança.'
Me coloquei no lugar de Borges, tentando imaginar se fosse comigo, mas em um intervalo de tempo muito mais curto, a experiência é quase assustadora. É incrível como mudamos: nossos gostos, formas de ver o mundo, de pensar em nós mesmos e em nossas relações. Percebi o quanto a mudança é necessária e essencial para o nosso crescimento. Acho que aprendi a ser um pouco mais desapegada ao que já se passou e hoje já não me faz nenhum sentido, a não ser pela lição que deixou. E isso me trouxe um alívio...Seguir em frente, fazer diferente, ser uma nova pessoa, se renovar, principalmente, mantendo a essência dos seus sentimentos mais verdadeiros pelas pessoas. Mudar é preciso, a vida nos mostra o que é de verdade e o que é passageiro. Quem faz essa percepção de distinguir o que é verdadeiro do que é só uma passagem, é muito mais feliz, pois mantém ao seu lado só o que importa. O tempo nos mostra.
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